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Os símbolos na liturgia: do visível ao invisível

18/02/2022 12h07 | Assessoria de Comunicação

O símbolo, portanto, em seu sentido antropológico é um conjunto de elementos sensíveis em que os homens, seguindo o dinamismo das imagens, captam significados que transcendem as realidades concretas.

A liturgia, além de ser constituída por ritos, é formada também por símbolos. A palavra “símbolo” tem atualmente muitos usos e significados dentre as diversas ciências e ambientes. Em nossa reflexão interessa-nos o sentido antropológico atual: um sinal visível que evoca e traz presente uma realidade invisível. O símbolo, portanto, em seu sentido antropológico é um conjunto de elementos sensíveis em que os homens, seguindo o dinamismo das imagens, captam significados que transcendem as realidades concretas.

 

O símbolo mais profundo e último da liturgia cristã é o próprio Cristo que se tornou humano, o Verbo encarnado. Nele, a Palavra, a realidade impalpável de Deus como fundamento primeiro do mundo, encarnou-se, de modo que pudéssemos de modo sensível contemplar a sua glória. Essa corporeidade de Deus continua presente na Igreja, na comunidade reunida pelo Espírito e sustentada pelo amor de Cristo. A liturgia por excelência, através dos seus ritos e símbolos, torna-se reveladora de sua presença em nosso meio.

 

A liturgia é, portanto, uma ação, uma comunicação plena, feita de palavras, com uma linguagem mais intuitiva e afetiva, mais poética e gratuita, bem como também de gestos, movimentos, símbolos, ação. A liturgia é assim uma celebração na qual por si só prevalece a linguagem dos símbolos. Em cada símbolo e ação simbólica, pode-se distinguir um gesto corporal, um sentido teológico e um sentimento, um afeto.

 

Assim, todas as celebrações cristãs têm um sentido e significado que vai muito além do momento da celebração. A partir do visível, ritos e símbolos, comunica-se uma realidade invisível escondida em cada gesto, ação, palavra ou elemento. Esse processo e dinâmica são estudados e explicados por vários autores que usam termos diversos, mas com o mesmo sentido e compreensão. Leonardo Boff usa três termos: imanente – transcendente – transparente. Imanente é o que se vê, que a partir da ação ritual e da fé do fiel se tornará transparente e revelará o transcendente, aquilo que não vê. Falando especificamente de um símbolo sacramental, citamos a Eucaristia, por exemplo: O pão e o vinho é o que eu vejo, (imanente) e que na ação ritual, provoca uma reação no indivíduo e evoca uma realidade transcendente, além do que vejo, Corpo e Sangue de Cristo (transcendente), e provoca um encontro. Então o imanente se torna transparente e revela o transcendente. É assim que a liturgia se comunica e revela o mistério de Cristo, o mistério da nossa Salvação.

 


Texto: Pe. Thiago Faccini Paro
Imagem: Sociedade São Paulo (paulus.net)
Publicado originalmente no informativo paroquial da Paróquia de São José do Belém, São Paulo/SP

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